domingo, 23 de outubro de 2011





Y a-t-il rien de plus triste que ce spectacle des jeunes espoirs et de l'enthousiasme juvénile, finissant par se changer en une sorte de sombre résignation, impuissante d'aller à l'encontre du marasme final, ou tout ce que l'artiste a acquis par son talent et son travail doit sombrer sans appel?





quarta-feira, 12 de outubro de 2011



Nenhum ato de desconhecida bravura. Somente a sempre-mesmice. E a óbvia percepção da busca pelo incômodo em cósmicas poeiras aquietadas. Buracos-negros e super-novas no solitário café em um chuvoso hoje. Feriados assim não deveriam existir.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011



Importante era o quintal da minha meninice com seus verdes canudos de mamoeiro, quando cortava os mais tenros, que sopravam as bolas maiores, mais perfeitas. Uma de cada vez. Amor calculado, porque na afobação o sopro desencadeava o processo e um delírio de cachos escorriam pelo canudo e vinham rebentar na minha boca, a espuma descendo pelo queixo. Molhando o peito. Então jogava longe canudo e caneca. Para recomeçar no dia seguinte, sim, as bolhas de sabão. Mas e a estrutura? "A estrutura", insistia. E seu gesto delgado de envolvimento e fuga parecia tocar mas guardava distância, cuidado, cuidadinho, ô!, a paciência. A paixão.

Beto: "Se fosse desses, diria que isso é a vida dizendo os caminhos certos". Sou desses. E também sou (meninote, coitado) que: calma, dedicação, estudo, perseverança (porque por outro lado linha reta caminhou, sem saber onde vai dar. No breu, sigo o sol. (...) Me alimento desse breu, já nem sinto quem sou eu: noturno, fugaz. Já não sei se sou capaz de parar. Bifurcação, entroncamento, contra-mão. São ruas sem fim, vias de fato aos pés de quem desrespeitou sinais e atravessou ileso. Decidiu flutuar, quis plantar de peso. Quando a noite cansar e a luz brotar a esmo, sigo meu caminhar: nunca amanheço o mesmo) Mas é isso: centro. Foco. É isso, empurrando a vida e o acaso. Como um aprendiz Pekka-Salonen, que em sorte de substituto despontou, numa última hora causada pela saúde do mestre. É isso, empurrando a vida e o acaso. E uma simbólica Scheherazade, 27/09/11, deixo em registro.

Labareda pra me consertar, 
fogo pra me aquecer de perdão. 
Não há justiça sem ceder, 
não há justiça sem amor 
e se a gente nunca se entregar.
(...)
Não há justiça se há sofrer, 
não há justiça se há terror, 
e se a gente sempre se curvar.

Fênix.


quarta-feira, 6 de julho de 2011



Almoço na casa da vó, hoje, que estava em divertidíssimo em estado de bom humor. 
Gabi recém-matriculada, universitária, morangos com chocolate derretido, jeito simples de comemorar. Mariana explosiva em desenvoltura e extroversão. 
Mãe satisfeita, orgulhosa, leve (em mim o peso dessa última raridade). 
Todos rindo rindo rindo de se fartar em riso, e no meio da minha gargalhada exageradamente alta e conhecidamente escandalosa, um choro escondido (que o chorei de verdade, não é poesia, rs), porque era uma felicidade tão imensa que precisava de forma física, para além do som do riso, ou para além do sentimento em si, e transbordou. E só conseguia pensar numa coisa: 
era isso, era exatamente isso o que eu queria dizer, era isso e só isso.



quarta-feira, 11 de maio de 2011



  Tenho, ignorante que sou, uma sensação de agraciado, certo de que nessa jovem triplamente iluminada - pelo sol da tarde, pelas chamas das velas, pelo meu êxtase - e em quem a enfermidade, mais do que uma pena, foi um desígnio para resguardá-la até que emergisse, das entranhas do tempo, este minuto, residem as venturas da vida e que, ligando-me a ela, aposso-me de grandezas que não entenderei e que nem sequer adivinho. Arpoado em minhas profundezas pelo seu olhar, ofereço-me com a máxima candura, imaginando que este brio de súbito gerado em meu espírito pode comprar a paz e o júbilo.
  ridi, Pagliaccio!, e ognun applaudirà! Ridi sul tuo amore infranto, del duol che t'avvelena il cor.
  Vi nesse moço, quando me pediu a mão de Joana, o traço da morte. O aviso. O sinal. [...] "Desculpe que lhe diga: tenho visto poucos homens tão franzinos. Não digo no corpo. É por dentro. Feito para trabalhar de ourives. Ou de imaginário, ficar sentado em si, fazendo nossas-senhoras, meninos jesuses". [...] Devia ser enterrado num caixão azul, feito os meninos pequenos.
  Os que fiam e tecem unem e ordenam materiais dispersos que, de outro modo, seriam vãos ou quase. Pertencem à mesma linhagem FIANDEIRA CARNEIRO FUSO LÃ dos geômetras, estabelecem leis e pontos de união para o desuno. Antes do fuso, da roca, do tear, das invenções destinadas a estender LÃ LINHO CASULO ALGODÃO LÃ os fios e cruzá-los, o algodão, a seda, era como se ainda estives- TECEDEIRA URDIDURA TEAR LÃ sem imersos no limbo, nas trevas do informe.
nas trevas do informe, ao horror se enfim cedido, o cume, leocádia visto como do fogo se vê (e em ainda vida), o riso da platéia, força.


quarta-feira, 27 de abril de 2011



Como se seqüestrasse a objetividade, ou a subjetividade. Como se seqüestrasse. Um grande afogar-se num grande nada ou num grande si. E o desafio. Desafio qual não se sabe; desafio. Talvez um: o desafio da perda, como apesar de óbvia não se a conta. Fácil se fosse perda como vida desde berço, e então se pergunta sobre a graça em coisa qualquer. Eilaiá, adoro eilaiá. Como se o comemorar da vida não fosse um grande apagar das vinte e uma velas em sopro. Sopratutto, rs. Eilaiá, adoro eilaiá. Olho a Callas, Medeia, e me lembro que morta só de desgosto, fortaleza desmoronando por e para. Talvez por e para dentro. Talvez só por e para. E o desencontro dos anos. Quantos? Semana Santa e os motetos e matracas; passou, ano que vem vejo Verônica cantar novamente: Oh, vos omnes qui transitis per viam, attendite et videte: - .Videte? Viste tu? Tu viste. E se paro de escrever agora é porque me escreveria
bobeiras e quaisquer coisas ad infinitum, 
enquanto ouço Ophelia enlouquecer na voz de Mady Mesplé e me deixo seqüestrar.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

por vezes, a impressão de que a Lua se cobrindo porentrenuvens seja um ato de vergonha por nos ver. Eilaiá.

quinta-feira, 7 de abril de 2011


"- But, wherefore dost thou not look at me? Thine eyes that were so terrible, so full of rage and scorn, are shut now. Wherefore are they shut? Open thine eyes! Lift up thine eyelids! Wherefore dost thou not look at me? I still live, but thou art dead, and thy head belongs to me. I can do with it what I will. I can throw it to the dogs and to the birds of the air. That wich the dogs leave, the birds of the air shall devour. Ah... thou wert the man that I loved alone among men. All other men were hateful to me. But thou were beautiful. Well, thou hast seen thy god, but me, me, thou didst never see. If thou hadst seen me thou hadst loved me. I saw thee, and I loved thee. What shall I do now? Neither the floods nor the great waters can quench my passion. Ah!, ah!, wherefore didst thou not look at me? If thou hadst looked at me thou hadst loved me. Well, I know that thou wouldst have loved me, and the mystery of love is greater than the mystery of death.  [...] There was a bitter taste on my lips. Was it the taste of blood? Perchance it was the taste of love. They say that love hath a bitter taste.

- Kill that woman!"


Ceder ao horror.

segunda-feira, 21 de março de 2011



Um dos problemas é não sabermos a distância da ponta do Leocádia às rochas meio sumidas n'água [e no movimento revolto do mar não se sabe se água ou rocha]. Porque o caminho [e ao dizer "caminho" me faço arriscado porque caminho é um decidido nada no centro e um algo de um lado e doutro] porque o caminho é vida e mal se repara, somente se vai vivendo, subindo que mal se sabem degraus. E, quando chegamos ao topo do promontório, [pois cegos de um véu-grinalda] não sabemos dizer a queda; outro problema não sabermos nem dizer queda ou salto ou força ou vento. E ainda um outro dos problemas é mal sabermos quem de fato está ali àquela beira; tão grande caminho para se chegar até lá quem o entrou mal o sabe um fim [reconhece-se somente dentro de um eu, se há eu, a mesma aquela crença que teve Safo], modo que devia-se recobrir-se e pisar [lá no chão daquele alto] em espelhos e olhar para baixo com finalidades tantas, pois mal se sabe a altura, mal se sabe salto força queda vento e mal se se sabe.
Sabe-se somente o mar, em espreita espera, com a serenidade de coisa que, sim, sabe-se eterna.



quarta-feira, 16 de março de 2011

terça-feira, 25 de março de 2008:

sábado, 12 de março de 2011



Ontem, num dia cinematograficamente chuvoso, tiveram que tirar minha bisavó de cima do caixão do meu tio-avô. Aquele tio, porque nunca foi tio-avô mas só tio, aquele tio que quando criança passava medo com a escada de cimento no fundo do quintal do casarão de Goiás, dizendo ser ali o canto de fumo da Muda, criada que morreu quando ele criança, mas que ainda freqüentava a casa por costume. Que chamava de Vitoca o primeiro sobrinho-neto, que sempre foi só sobrinho. Que dizia que a mãe tinha letra e pés de princesa, num rubor em seus oitenta e tantos anos. Ela, que com letra e pés de princesa, sua mãe, mãe de minha vó, vó de minha mãe e minha bisavó sempre vó porque foi sempre só vó, ela que com letra e pés de princesa ontem precisou ser tirada de cima do caixão para que finalmente o pudessem descer para descansar da diabetes, da hérnia, do coração que há muito falhava, da família, dos tudo que se guarda dentro, porque uma hora se há de descansar.
E eu poderia dizer tanto sobre porque dizer sobre diz sobre mim, mas não há muita vontade além da de descrever a cena. A cena deve dizer tudo, a cena da bisavó que sempre foi só vó enterrando o tio-avô que sempre foi só tio e contava histórias de entidades e não deixava dormir. Sou eu. Árvore, raiz, que imagem piegas. Porque talvez não interesse muito se de fato existem dimensões diferentes para cada escolha, esse é o tipo de questionamento que nos deixa numa waltz for all life, o importante é só a tormenta do Se não ser maior que a força da vida estourando microscopicamente nossos poros, se numa dimensão se noutra ou se tudo só é,



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Assédio.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CENA 1
Casa do sítio / Balanço / Exterior / Manhãzinha

O sol se levanta, trazendo uma luz nova. A estrela d'alva ainda brilha no céu da manhã. E uma lua se desmancha. MARIA, vestida da cor do campo, com todas as suas flores, se deleita em seu balanço, que voa, amarrado ao tronco de uma árvore.

domingo, 16 de janeiro de 2011



"Non che t'aspetti qualcosa di particolare da questo libro in particolare. Sei uno che per principio non s'aspetta più niente da niente. Ci sono tanti, più giovani di te o meno giovani, che vivono in attesa d'esperienze straordinarie; dai libri, dalle persone, dai viaggi, dagli avvenimenti, da quello che il domani tiene in serbo. Tu no. Tu sai che il meglio che ci si può aspettare è di evitare il peggio. Questa è la conclusione a cui sei arrivato, nella vita personale come nelle questioni generali e addirittura mondiali. E coi libri? Ecco, proprio perchè lo hai escluso in ogni altro campo, credi che sia giusto concederti ancora questo piacere giovanile dell'aspettativa in un settore ben circoscritto come quello dei libri, dove può andarti male o andarti bene, ma il rischio della delusione non è grave."



segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Porque não me canso de dizer sobre ele:
Sinfonia no.10, primeiro movimento. 
Lá pelos dezesseis minutos, claro que depende da gravação, uma re-exposição do tema; 
mais lento que o normal, mais lento que o adagio que titula todo o movimento. Lentíssimo, pianíssimo, somente cordas, solitárias, porque a solidão é um grito surdo de medo nesta sinfonia; 
e, quando menos se espera, surge, deste pianíssimo, uma afirmação em Lá menor longuíssima, que engloba tudo, e tudo some neste fortíssimo, no tenuto das cordas, no arpeggio feito pelos trompetes e trombones;
um ritardando e, de repente, desmancha-se tudo num scherzo, que de novo e rapidamente se torna lento, como que os pedaços dele próprio caindo fossem o scherzo em si, e, a lentidão, fosse as coisas se ajeitando ou parando de cair ou indo para um outro lugar qualquer; 
um acorde diminuto nos sopros, e, como um sopro arrebatador vindo de dentro, um pesadíssimo e inesperado quase-cluster de toda a orquestra; surge um trompete que a qualquer coisa cobre, segurando um Lá, acima de tudo e todos e todas as coisas; novamente um cluster, 
e tudo parece então se acalmar numa grande desistência orquestrada.
 

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