quinta-feira, 22 de setembro de 2011



Importante era o quintal da minha meninice com seus verdes canudos de mamoeiro, quando cortava os mais tenros, que sopravam as bolas maiores, mais perfeitas. Uma de cada vez. Amor calculado, porque na afobação o sopro desencadeava o processo e um delírio de cachos escorriam pelo canudo e vinham rebentar na minha boca, a espuma descendo pelo queixo. Molhando o peito. Então jogava longe canudo e caneca. Para recomeçar no dia seguinte, sim, as bolhas de sabão. Mas e a estrutura? "A estrutura", insistia. E seu gesto delgado de envolvimento e fuga parecia tocar mas guardava distância, cuidado, cuidadinho, ô!, a paciência. A paixão.

Beto: "Se fosse desses, diria que isso é a vida dizendo os caminhos certos". Sou desses. E também sou (meninote, coitado) que: calma, dedicação, estudo, perseverança (porque por outro lado linha reta caminhou, sem saber onde vai dar. No breu, sigo o sol. (...) Me alimento desse breu, já nem sinto quem sou eu: noturno, fugaz. Já não sei se sou capaz de parar. Bifurcação, entroncamento, contra-mão. São ruas sem fim, vias de fato aos pés de quem desrespeitou sinais e atravessou ileso. Decidiu flutuar, quis plantar de peso. Quando a noite cansar e a luz brotar a esmo, sigo meu caminhar: nunca amanheço o mesmo) Mas é isso: centro. Foco. É isso, empurrando a vida e o acaso. Como um aprendiz Pekka-Salonen, que em sorte de substituto despontou, numa última hora causada pela saúde do mestre. É isso, empurrando a vida e o acaso. E uma simbólica Scheherazade, 27/09/11, deixo em registro.

Labareda pra me consertar, 
fogo pra me aquecer de perdão. 
Não há justiça sem ceder, 
não há justiça sem amor 
e se a gente nunca se entregar.
(...)
Não há justiça se há sofrer, 
não há justiça se há terror, 
e se a gente sempre se curvar.

Fênix.


 

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