tag:blogger.com,1999:blog-64559710919173542512024-03-13T11:14:18.992-03:00Miopismosque nem sempre é bom ver longe. Perto, somente esses scherzi de coração e menteVictorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.comBlogger140125tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-44918873749315273122017-11-14T14:11:00.002-02:002017-11-14T14:14:19.776-02:00<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999;"><br /></span></div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 16.7px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999;"><span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;"></span><br /></span></div>
</div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal; min-height: 16.7px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999;"><span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;"></span><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999;"><br /></span></div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999; font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;">saiu juntando tudo, todas as coisas soltas, as largadas, deixadas, as guardadas, todas, como quem diz “to indo, realmente indo”. Ficaram pra trás - esquecidas ou deixadas, não sei ao certo - as fantasias, ainda desavisadas da distância do carnaval. </span></div>
</div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal;">
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<span style="color: #999999; font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999; font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="font-family: ".sf ui text"; font-size: 14px; font-stretch: normal; line-height: normal;">
<span style="font-family: ".sfuitext"; font-size: 14pt;"><br /></span></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-74723263894729585622016-11-08T14:05:00.000-02:002016-11-08T14:17:36.615-02:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Despretensioso, isso que é desde o princípio; isso e você: talvez o grande trunfo - que eu reconheça. E com a leveza que isso te confere à mão (garantindo, ao movimento, um destino como que incerto ao observador), afastou minha bagunça - basicamente livros xícaras fios angústias reminiscência - e pousou no papel a ponta do pincel passado sem peso na aquarela. Feito mancha, me insurjo forma. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me afano retrato e me me dou de presente roubado. Eventualmente, te me devolvo.<br />
Por hora, desculpa... mas tava com saudade de mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-28323462956467157382016-11-06T12:59:00.002-02:002016-11-06T13:28:27.419-02:00<br />
<div style="text-align: justify;">
"<i>era uma visão, aquela, sim, 'dolorosamente impressionante', e Ultimo descobriu ali, pela primeira vez, como pode ser dilacerante o desejo, quando quem o oferece é o corpo de uma mulher. Ficou como que assustado. E talvez tenha sido por isso que, revendo devagar para frente e para trás com seu olhar aquele perfil sem trincas, começou, por assim dizer, a despi-lo do que tinha de feminino e a levá-lo em direção a uma beleza mais secreta, em que a pele se tornava uma simples linha, e o corpo, um desenho gravado em relevo na claridade da tela. Era algo que o tranquilizava, porque aquela beleza ele conhecia. Esqueceu-se da mulher e se concedeu outra perfeição, reparando a linha pura e o desenho até que se tornaram trajetória e traçado - e estrada.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>[...]</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Ultimo pôs o motor no máximo e dobrou-se sobre a moto, porque tinha alguma coisa pra lhe dizer e queria que ouvisse direito. Disse-lhe que tinha de chegar antes da morte, e conseguiria certamente, bastava que ela se comportasse bem. Disse-lhe para observar como a estrada decidira ajudá-los e se pusera toda retinha, para que pudessem chegar antes. E explicou-lhe que a beleza de uma linha reta é inalcançável, porque nela se desmanchou toda curva e insídia, em nome de uma ordem clemente e justa. É uma coisa que as estradas podem fazer, disse-lhe, e que, ao contrário, não existe na vida. Porque não corre reto o coração dos homens e não há ordem, talvez, em seu andamento". </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: center;">
<i>*</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. Está mais deitada que os séculos, suportando sozinha toda distância."</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-36678070749478761282016-06-17T10:51:00.003-03:002016-06-18T10:37:58.773-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
a única luz que entrava no carro vinha de um poste mais longe. Já fazia o silêncio da noite, e preenchimento não estava sentido: mal falavam, os dedos das mãos em zigue-zague de um, do outro, de um, outro. Deitou em certa ternura, ouvindo o que se havia pra ouvir: </div>
<div style="text-align: justify;">
- seu coração bate diferente. </div>
<div style="text-align: justify;">
Verdade que era preocupação já há algum tempo. Há pouco visitara o cardiologista. Eletrocardiograma. Tava tudo certo, batia bem certo. No papel, a agulha sentiu os riscos indo pra cima pra baixo, rabiscos de enormes formações geográficas vistas ao longe, cadeias montanhosas de picos angulares e vales abismos, tudo como devia. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas batia diferente, tinha sentido também. Quando se deitava e estava tudo muito mas muito quieto, via o meio do tórax pular - normal?, nunca tinha visto pele pulsando junto com o que tinha dentro - e sentia bem no chão dos ouvidos a involuntariedade do músculo percutindo as paredes dos canais; quase podia sentir o sangue chegando às pontas dos dedos: mas como fazia pra voltar?, como escoava de volta, tudo que vaivolta, como voltava o sangue?, pra onde? Sempre se fazia perguntas como não soubesse as respostas, a surpresa de um novo conhecimento descoberto, e deixava embora em imaginagem as finitudes do corpo, propriedades supersticiosas das artérias veias capilares, os mapeamentos, toda essa cartografia desenhada em vermelho que escorria os segredos da existência, quais?, faria susto dar-se conta, não-dizeres hemoglobineos que vão traçando caminhos, coisa que é dada: reflete (<i>na parede há um buraco branco, o espelho. É uma armadilha. Sei que vou cair nela. Aí está. A coisa cinzenta acaba de aparecer no espelho. Aproximo-me e olho pra ela: já não posso ir-me</i>) reflete nos caminhos de fora também, ah sim, todo esse funcionamento manado de certa harmonia desses rios vermelhos ao Rio Vermelho, os equilíbrios das regências de toda energia entre toda coisa. Certo que era mais divertido que revisar esmiuçadamente a própria cardiovascularidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não se lembrava de uma noite qualquer, já de há muito: fazia qualquer coisa banal quando ouviu algo trincando. Pensou que alguma gata tinha derrubado um copo na cozinha. Não, chão limpo. Foi pra janela prum último cigarro naquela noite, quanto céu, sem perceber que fazia estrela por demais e que cada conta de brilho era estilhaço. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-28436976085641320352016-06-10T09:41:00.001-03:002016-08-23T17:38:19.770-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
começa-se preparo. As varas os anzóis as iscas a paciência. Calcular horário, visto possível distúrbio que podem causar os insetos. As roupas geralmente específicas pro conforto na espera. </div>
<div style="text-align: justify;">
Senta no aguardo, insuspeito. Iscas vivas?, minhocuçus ainda cheios de movimento pegajoso. </div>
<div style="text-align: justify;">
Lança. </div>
<div style="text-align: justify;">
Guarda os incômodos circulares concêntricos que fez a interrupção da superfície lisa d'Água enfraquecerem. </div>
<div style="text-align: justify;">
Primeiro movimento é sumir peixe. Oferta de corpo assim levanta espanto. </div>
<div style="text-align: justify;">
Espera. </div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal não é um corpo tão estranho assim. </div>
<div style="text-align: justify;">
Vêm mordiscadas. Não é hora ainda, está tateando com a boca. Uns pássaros espertos observam de árvore próxima. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mordiscam mais forte, alguma confiança. Não é hora ainda, necessário maior ângulo do maxilar. Voam porque sabem. </div>
<div style="text-align: justify;">
A boca fria cheia de água gelada dispõe então, finalmente toda. Brusco, fisga anzol: instrumento ardiloso, perverso. Entra que mal se vê, dada forma: ponta em fração de milímetro que, afiada, se expande. Parasse o tempo. Daí a linha firme invisível de náilon puxa conduzindo lenta tenaz dissimulada inflexível confiante sádica prum fora da água em que há tanto ar porém não. </div>
<div style="text-align: justify;">
Os olhos vão secando; o desespero das guelras, inutilizadas membranas, correndo abrir fechar da busca. Escamas sujando, barro onde antes tão reluz: fazer apoio no chão às mãos de tirar anzol: estalo surdo que faz o arrancar do ferro rompendo as texturas da carne: fura quase despercebido, só sai no rasgo: pedaços ainda no estômago, voltando gosto na boca.<br />
<br />
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-75940722624266185792016-06-09T13:46:00.001-03:002016-06-09T13:50:01.731-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Acordei longe de casa, pensei. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mal pudera frase tão errada com sentido algum, seja o caso pensar: acordar pressupõe dormir, dormir há anos não me é um forte, e meus fortes das guerras antigas estão há tempos pro léu -, ficou uma boca de fogo ou outra meique dormente, preparo pela metade, bombarda em pólvoras jogadas àgua aguardando no tempo utilidade - grandes feitos então inúteis em minhas praias, a altas alturas porque mar aqui vez em quando voa grandes recuos predizendo volumes em ondas de quando tremece dentro, feito noite que mal passa nos anseios do dia que mal vê as dúvidas da noite que só acaba porque vem o sol que só nasce pra se pôr </div>
<div style="text-align: justify;">
daí deram-se contas os fortes largados que sol despontou longe de casa, quão longe é possível no espaço-tempo, longe horas de ponteiros de relógios outros, longe wormholes que começam e terminam num mesmo lugar percorrendo o sideral conhecido em frações indivisíveis de segundos, saltos quânticos calculando todas as possibilidades e caminhos em todas dimensões direções, longe algumas estações de metrô, arniqueiras </div>
<div style="text-align: justify;">
de casa que não esteve e não há, porque casa é onde se rodeia dos pequenos fragmentos dessa vida roseando memória se dizendo eu, safespace de conforto e construção, </div>
<div style="text-align: justify;">
Tornar fortes abandonados em realeza de castelania - a beleza das reformas -, tornar ostentação dos palácios em abandono - teias aracnídeas finas resistentes pelos cantos e quadros </div>
<div style="text-align: justify;">
a vizinhanca, as histórias de quem me coloca na xícara um café, as árvores que vou reconhecendo uma a uma, a hora em que o sol faz sombra de tal forma ali naquele bloco da frente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-37404726338736917852016-05-28T03:53:00.001-03:002016-08-23T17:39:33.743-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
, as histórias dos homens são as mesmas, só habitam novos corpos - forma física a se fazerem contadas - assim como a dor, que percorre as fibras junções os músculos em contração a exaurir os receptáculos d'alma, tamanha intumescência acusada da vinda desses diabretes de difícil exorcizamento, que vão dando dentro umas cambalhotas, piruetas circenses em equilíbrios a desafiar as físicas conhecidas, complicadas danças que a razão tenta organizar, pas de deux de metódicas próprias que fazem sentido algum ao balé diastólico e sistólico que insiste em acontecer aqui dentro: urgências, e então se acabam com este aqui e correm a um próximo, volando tormenta, tornando em trama de sensível empatia tais (quase sempre rs) silenciosos eventos cataclismáticos que unem fio por fio, invisíveis, cada um que toca nesse grande mundo desafeto, mas tão habitado de surpresas e belezas que nos valem nesse plano (que vez em quando são usadas em malabaris na diversãozinha dessas coisinhas de risadinhas e asinhas dando volta na cabeça, fazendo turvar vista, mas sim: tão por aí as belezas sim) (tão, né?) (prfvr)<br />
<br />
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-75486970253170547742016-05-16T12:49:00.002-03:002016-05-30T20:31:54.567-03:00<br />
<div style="text-align: justify;">
hoje, no décimo sexto de maio, veio céu se enchendo dum pretume já há algum tempo sem vista, porque a seca tava correndo antecipada, e cai aqui na asa mais do sul (desconferência geográfica: Brasília tem norte que não o é, nem sul é sul, e a guia se faz somente rumada, modo que a cabeça vem com uns desbaratinos de causas: desorientações pelas rosas dos ventos), cai aqui nesta Asa que aponta pras minhas origens e ventre um chuvisqueiro plumado, pra causar intermitência inda que pouca nas previsões dos meses porvirem em ar que seca garganta e torna o acordar um fazer incômodo, intermitência sem nutrição porém suficiente pra memorar a terra de seus perfumes quando-mais-a-água e roubar do passo-a-passo a poeira dos pés, que já vão cansando do percorrer dos caminhos desconhecidos ou conhecidos mesmo. Fadiga. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-32064967170982424922016-05-07T12:26:00.000-03:002016-05-18T11:16:09.308-03:00<br />
<div style="text-align: justify;">
guardo Bruckner (mais especificamente seus primeiros movimentos da sétima ou nona sinfonia, a depender do dia - qual seu fim?, busca de luz mi maior, crepuscular desistência em aceite ré menor?) para raros momentos, quando há o tempo a correr silente os caminhos da casa, passando pelas coisas e bichos, quando os vincos entre os tacos de madeira antiga destes apartamentos se abrem em grandes cânions, madeira em carne, altíssimas paredes pulsantes, eu no meio bem me sabendo rodeado das próprias insuportabilidades, o cozimento lento das linhas melódicas infindas tratadas das diversas formas possíveis expandidas acrescentadas rasgadas adocicadas aquietadas brutas beleza perversão moldante plácidas deuses resquícios amabilidades quietamente furiosas ilimitando as fronteiras, as minhas a música, minuciosa vistoria e revisão, as perspectivas várias, o clímax que se desfaz enquanto ainda não se sabe ápice, os vinte e cinco minutos para que se conclua um princípio que não se esqueceu, porém tão diferente pois metamórfico, as codas cobrindo enormemente o chão. Guardo Bruckner pra quando preciso ouvir outrem percorrendo aqueles que meus caminhos diários - o lento e grave movimento do mais belo dos planetas orbitando retrógrado em mapa os pesos imensuráveis, astrologias cármicas, senhor dos tempos regendo organizações celulares involuntárias inconscientes cíclicas, materialização de princípios, eterno retorno erro, os anéis vistos de longe (porém não mais que poeira e resquícios) apontando firmemente os lugares-lacunas do preenchimento radiando a descoberta: preenchimento em si, tolham-se projeções - guardo Bruckner pra quando preciso ouvir outrem percorrendo aqueles que meus caminhos, a fim de tornar acompanhada esta lida diária tão só. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-2375086971108082602016-05-06T09:58:00.000-03:002016-05-07T12:07:06.641-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
as noites se estendem grandes distâncias, povoadas das criaturas de mitologias individualissimas - resquícios fantasmáticos - poder-se-ia os chamar sonhos inquisidores; pesadelos quiçá, desavisados que somos das qualidades estéticas errantes desses misteriosos fundos do dentro da cabeça - caminhantes de finas estradelas sinuosas de desconhecidos redores. Fosse o olhar menos assombrado pela luz-clareza da certeza do dia, cercassem os olhos menos as vendetas pelo arremate em queda, fôssemos mais crianças onde vicejam inda purezas naquilo que é belo, monstros tais transfigurar-se-iam musas tal o desconcerto de seus contornos difusos - como se se expandindo, pulverizando perfume dulcíssimo, molécula d'existência desgarrando se lançando ao nada que entorna, preenchimento esquivo - noturnas vidas temporárias, antes à luz dos dias inexistentes, vagantes em leve pisar: ouve-se somente o ranger das gaiolinhas que levam nas mãos (os vultos em pernas, qual sombra que faz sol quando toca a linha do horizonte, longuíssimas andando estreitas, as alças das gaiolinhas levadas nos dedos finos compridos de texturas frias e movimentos de delicada estranheza), gaiolinhas onde murmuram dentro as pequenezas belas desses grandes apegos da vida, criaturinhas sutis porém de constituição firme, cantando as ladainhas em prece obsessiva que estruturam os desejos as pulsões as plenitudes desconhecidas.<br />
<br />
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-55716528057777012022016-04-22T13:30:00.000-03:002016-05-07T12:06:51.131-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há algo de revelador naquela mirada da janela: não há folha que encontre o chão, permitindo ao ar realização física da paradeza, copa das árvores em pleno grito de imobilidade. Dentro, apito ensurdecedor na gaveta, que não se sabe uso ou não se sabe usar ou não se quer ouvir ou falta uma peça: jograis em vida. O aguardo do movimento que comunica à folha que seca de sol o momento da desprenda: queda livre, balançada de leveza, errante retorno: renovação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Num lado, somente aquilo que mais nos é íntimo e caro pode salvar. Doutro, é o desconhecido que guarda a possibilidade da redenção. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-29261037682096881502016-04-15T09:59:00.001-03:002016-05-07T12:06:30.911-03:00<br />
- tá bem?<br />
To sim. Só besteirinha de menino bobo.<br />
- essa palavra viaja bastante.<br />
<br />
<br />Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-55019471590412679172016-04-14T23:38:00.001-03:002016-05-07T12:06:06.265-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
quando as histórias tiverem se tornado as dobras do cansaço do rosto, quando as noites da juventude forem passado que já não se diz, quando as paixões forem memórias guardadas que não se contam aos filhos e netos, e as manhãs improvisadas em água corrente (ali no fim da asa norte) forem lembranças acessadas com raridade, o ralear dos cabelos clinicando a desistência corporal, quando a manhã for preguiçosa acordada em café e horas escorridas pois o compromisso próximo é o almoço e a caminhada que o segue às sombras das sibipirunas - por vezes tapetes amarelos em tramas de natureza fiandeira -, quando o olhar já mais cansado observar os arredores e seus viventes fazendo predições porque os olhos já viram muito e conhecem os homens e seus tipos e sabem dizer o que ainda está por vir, quando os afazeres forem aventuras voluntariadas, quando a noção do tempo observar em equidade o novo bulbo que se arranja na mesa - e não se esperar a passagem dos dias mas a folha que nasce e cresce, os meses em broto -, quando a calma já estiver aceitada porque há pouco em nossas mãos, quando estes transtornos juvenis em preocupação se façam lembrados em ver a ansiedade das gerações ainda por vir, quando assentar que as histórias dos homens se repetem e só habitam novos corpos - formas físicas a se fazerem contadas-, quando os caminhos abertos com as pás e rastelos se chamarem Alameda dos Flamboyants, e os eixos (norte, sul?) forem estranhos feitos no concreto há muito sem visita, quando o amor estiver em constante companhia passando as folhas e brotos, e a saudade for palavra desconhecida, quando as línguas faladas forem somente uma e o silêncio não for incômodo - comunicação em sinais de eletricidade já há tanto se habituados, a leitura dos olhos, do corpo, dos gestos, do amor -, </div>
<div style="text-align: justify;">
ladear aos meus 26 anos (meu deus, ainda 26), a ânsia senil.
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-73041549218837500742016-04-14T22:22:00.002-03:002016-04-14T22:22:41.299-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://marisawandaringer.com/wp-content/uploads/remedios_varo_388484001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://marisawandaringer.com/wp-content/uploads/remedios_varo_388484001.jpg" height="267" width="320" /></a></div>
<br />Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-327614876423279022016-04-04T01:12:00.000-03:002016-05-07T12:07:53.848-03:00<div style="text-align: justify;">
<div style="color: #454545;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";"><br /></span>
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";">o dia em que chegou na cidade (dessas hoje poucas, cujas casas guardadas pelo escuro da noite - pois a noite faz escura, protegida dos fogueiros em excesso e da eletricidade - inda tinham as portas sem passar trancas, lugar onde se deixam as cadeiras de palha em treliça esquecidas [nos mais mínimos alpendres, o cimento queimado ladeado das muretas mínimas {que possibilitam os aparentemente inertes afazeres, sagazes, das embeatadas que acompanham com os olhos o passo largo ou non troppo dos transeuntes - a depender da quentura do sol - e suas assuntadas, vindas das distâncias ou das esquinas mesmo} - há de se os ter, os alpendres] treliças que guardavam os segredos de Cotinha, filha de Cota (fazedora de bolinho de arroz de comer de boca boa que só vendo. Fila começa sempre antes das novenas) mais seu Zé da Arimateia, para quem caíam (feitas as tribeiras, já há muito sem cuidado, de casarões doutras épocas; sólidas fachadas em branco de cal escondendo as espessuras das paredes de terracota, o grande alívio dos interiores em dias mais acalorados - pois o sol ali podia fazer de doer, bandas onde não se pode habitar desprotegido ou caminhar pelas pedras da rua sem sombra, onde se ouve o sol ansiando abrir passagem no estalo das janelas, a madeira em dilatação) caíam os gracejos sobre Cotinha daquele rapaz já meio marmanjo, dado às serestas (um violão de sete cordas que era uma beleza, voz de boemia barítona que fazia tremores internos fragilizarem as mais castas das bem-criadas moças - que sabiam residir em tais proezas do feitio daquele rapaz certa malícia, certa marotagem que bem se vê proposital [saber porém de seus porquês, seus olhares em volátil ardência juvenil, a intangibilidade desse moço das prosas e cantorias, era parte da atraente situação - sabia-se por certo que aquele rapaz não fazia bem desposar, e quedavam-no como sonho fugidio de suas metódicas quotidianas]), filha do Zé da Arimateia, ali da venda onde os meninos mais faceiros compravam os traques pra logo correr a empestear a carcaça daquele sapo no meio da rua, violando as integridades do corpo do bicho - com dificuldade porque era morte ainda recente e não tinha secado ao sol, mas a tarde era longa e vazia e faziam da teima o vencimento da desfiguração, rompendo os feitos e criações da natureza, foi girino ali no largo da carioquinha, a brevidade da existência vivida por entre as beiras de rio pra acabar ali nas traquinagens às toas dos moleques - (desacompanhadas dos olhos sérios essas traquinagens, sadismos de origens intraçáveis - julgados talvez inofensivos às vistas mais desatentas -, quiçá não sabiam os aguardos do futuro), meninos faceiros atrapalhados vez ou outra pela carroça de cavalo que passava rumando a saída da Ponte Velha (pra assim poder passar frente a Matriz - a outra torre dos sinos nunca terminada, superstição [dizia-se que a primeira vez construída a atingiu um raio bem na sexta-feira da Paixão, enquanto entravam as longas filas em procissão na companhia do Senhor Morto, de modo que a gente de dentro mal soube o que houve, e o horror atingiu os mais distantes nas filas de velas - um grande pontilhado de luz resultando ao fundo em fogo de improporções, até as matracas calaram; da segunda, tremores de terra fizeram pesar o sino trazido das lonjuras onde se falavam já outras línguas, cavando passagem por entre os andares em escadaria, calçando-se em suas toneladas de bronze à direita da entrada principal da nave, onde então permanece lembrança dos desastres {que aconteceram em tempos imemoriais e são contadas das avós para os netos que contam para as netas, e dizem que as procissões em velas nunca tiveram mais os mesmos tamanhos - antes de uma beleza que trazia comunhão pr'essas gentes no peso do silêncio em retidão e serpenteava a cidade com a luz errante da queima dos barbantes em cera, e diziam ainda que as marchas fúnebres das bandas que acompanham o senhor morto - de datas indistintas e madeira pintada à mão, tornava em interna cadência a devoção pois era de uma proeza de capo-lavoro sua humanidade - as marchas da banda tinham tristeza verossímel pois eram tocadas nos mesmos trombones e souzaphones e clarins e bumbos que viram os grandes desastres da Matriz}] -, a carroça rumando a saída, a mão ungindo Pai Filho Espírito, os caminhos então protegidos em fé, que o chão da estrada maltrata os animais e as rodas e as ancas, e o destino, longe dias, é um somente vislumbre no final de grande desventura), Zé ali da venda onde maridos dividiam dois dedos de prosa e de pinga, zombeteando os afazeres domésticos e dizendo impropriedades das belezas mais jovens, os meninos faceiros compram traques, as meninas compram pequenas imitações em barro das panelas grandes do grande cômodo da casa onde ficavam as mães e tias e dindas assistidas pela criada (das pedras grandes que muretam o quintal tiram-se o limo, as pequenas florzinhas secas mais terra, um tiquim de água, e a tarde toda se ia escorrida na feitura destas comidinhas em panelinhas de barro das menininhas, - banquetes que não pereceriam às moscas e ao sereno. Fosse antes assim da vida feita, mal sabiam os aguardos do futuro - os pés descalços que não conhecem a donzelagem passam pelos amontoados de mamona, mesmo com aquelas secas caídas no chão [graças ao bom deus os moleques hoje estão demais distraídos com outras coisas quaisquer e não vieram aporrinhar a tacar mamonas e fazer guerra, brincadeira chateante que reserva os amores possíveis do futuro] fazendo doer o piso, mas há de se pegar aquela última florzinha ali no canto para enfeitar o último prato destes sumos de quintal em banquete) o dia em que chegou na cidade pelos velhos caminhos inutilizados que passam por detrás da Santa Barbara fazia sol com chuva (diz-se do casamento da raposa ou da viúva, neste terra em que não há raposas porém lobos altos esguios avermelhados, cuja curiosidade e mansidão entregam em bandeja a pelagem de raras cores, quistas nos detalhes dos alfaiates e outras prendagens - em lugares longes, porque esse povo daqui dizia trazerem resquícios do entre-mundos esses bichos, de natureza calma mas de olhos de gente e patas por demais compridas, tranquilos vermelhos agouros vindouros das matas ralas de árvores baixas que, quando adentram as casas, sentam aquietados nos fundos dos quintais compridos e guardam o dentro da casa com paciente calma: e nada faziam, tornando a presença para os habitantes da casa fonte angustiante, e se acontecia algo ruim logo criam ser porque o bicho tava lá. Era tal a agonia da vista da criatura que não se percebia: junto dela vinham borboletas de variados tamanhos que pendulavam por várias casas seguidas e logo vinha a notícia de vida e era tal a euforia que ninguém se lembrava do bicho habitante dos últimos dias - pois uma coisa era acertada: faziam guarda aos pequenos do entre-mundos e os traziam pra outra chance no amor em vida, as borboletas em comemoração flanando asas coloridas, flor em alastro a embelezar os dias vindouros; casamento de raposa ou viúva, nesta terra em que as viúvas não casam um'outra vez e fecham as janelas [pois o luto não é um processo de superação e sim autoafirmação em clausura e úmida escuridão dos quartos, solidão e auto-comiseração impiedosa a roer - quão lento as heras cobrem os camafeus ganhados presentes em noivado jogados aos jardins - as cordas vocais deixadas de lado do uso, porque a retidão tem de se fazer audível] e fecham as janelas das casas e respiram nos quartos até que haja sufocante umidade e se desfaçam indolores imperceptíveis em desmanchamento no breu trancado das portas - porque nas portas do luto sim, se passa a chave, para que fiquem guardadas da noite e do dia e das pessoas e das vozes e das músicas dos pássaros {feito difícil visto a algazarra todo fim de tarde das ararinhas dos coqueiros do cemitério, altíssimos, que unem em raiz o podre daquele chão do qual poucos se salvaram ao alvíssimo céu, como tentativa em caule de esticar os dedos e folhas ao mais alto-próximo do criador, mal sabiam estes aguardos do futuro} e assim era e assim todos sabiam, luto o diziam naquele lugar amor - "Sinha'Badia se foi ontem de amor" - e ficavam pois as casas fechadas, porque não havia velo para o amor e sim estes mausoléus que se tornavam as residências, e aos poucos a umidade carregada de matéria orgânica em semente, escapada pelas mínimas frestas das janelas e das portas desses quartos, enchia os corredores da casa e logo as salas e as falhas das janelas e cobriam aos poucos as coisas de fino visco, que esperava saúde em sol e chuva e ganhava forma de folhas e flores e perfumes - e com a ida do tempo, maior volume tomavam estas matas que permaneciam intactas até que se perdessem a memória de seus donos e seus nomes e suas histórias, e ficavam assim, permanecidas, por maestosa contemplação em ruínas no meio das ruas, grandes resquícios das paredes em cal e longuíssimos caules que verberam nos amores juvenis que buscavam inspirações; ali residia.) </span><br />
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";">Chegou por detrás da igrejinha, que ainda restava sobre suas fundações cravadas na rocha do morro; o sol brandeado pelas finas gotas da chuva que, insistentes, tentavam molhar os caminhos de pedra há muito sem uso; grandes corredores de coqueiros e palmeiras imensuráveis de formas jamais vistas, trepadeiras de gavinhas sedentas cobrindo enormes espaços, pesadas em flor de cacho, orquídeas sem nomes memórias ou histórias de cores e ciência desconhecidas, perfumes de realidade dubitável e grandíssima leveza, neste grande e aparente abandono de meu deus do céu que foi só amor demais.</span><br />
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";"><br /></span>
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";"><br /></span></div>
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Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-52175586022271717762016-04-02T15:16:00.000-03:002016-04-06T14:08:41.406-03:00<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #454545; font-family: "uictfonttextstylebody";"><span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";"><br /></span></span>
<span style="color: #454545; font-family: "uictfonttextstylebody";"><span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";">das certezas, se os anos as me deram: uma delas é não me ter sido permitido o dom do passa-tempo fácil e indolor - vistas as sequências de casualidades e os efeitos das causalidades (e, se me permito breves elocubrações egóicas, rápido me concluo em conspirações sistêmicas de astros - ai, retrógrado Saturno em meu mapa de céu - ou ainda cármicos determinismos) - pois a aparente placidez no semblante, o riso fácil e a clareza dos olhos me velam ao mundo feroz selvageria interior (não felina veloz afiada - espessa selvageria qual magma em lento movimento interno de altíssimas pressões, calor e destrutiva incandescência), - penso enquanto, no espelho - ilusão ótica - retiro, um a um, estes pêlos grossos que me unem as sobrancelhas, estas farpas da minha humanidade orgânica pinçadas voluntariosamente em tentativa de meticulosa ação das mãos - que sabendo-se da sequência dos anos, supõe-se , não miram tão firmes, e, errantes, porém eficientes, ajudam adornar o de fora para tentar, quem sabe, o de dentro permanecer intacto e invisível, ah: estes ocultismos aos quais nos forçam as circunstâncias em prol da preservação destes cristais e diamantes, gestados dos nossos carbonos internos para que, quando só, seja possível se permitir abrir a janela (persianas coloniais de madeira) e residir, neste momento átimo, na refração de luz destas infusíveis tetraédricas formas de rearranjo molecular - já esta uma certeza das constantes físicas, isentas de autoengano: o reiterado maravilhamento das formas prismáticas dispersando branca luz em cor.</span></span></div>
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<br />Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-37870639545953703052016-03-31T17:04:00.000-03:002016-04-06T14:06:50.922-03:00<div style="color: #454545;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";"><br /></span>
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";">- seria isso!? Duraria o tempo deste corte se fechar? A macieira em fruto nascida maçã das co-incidências atômicas, e o sádico ato de te tirar as sementes e torná-la pois infértil castrada imperpetuável antes de mastigada, maçã que em ardilosa manobra se escorrega por entre os dedos, voluptuosamente inanimada, a faca-serra em movimento de encontro à mão. Seria isso?!, o tempo deste corte se fechar?, o tempo desta pele aberta ruborizada em trauma da lâmina, tal perda da integridade cutânea, se permitir as biológicas reconstituições - tecidos vasos carne poros - cedendo à inevitável força destes processos naturais evolucionais da separação deste mundo interior daquele mundo exterior (sabedorias orgânicas imemoráveis sconosciute), essa alvenaria de corpo que isola os universos internos do universo externo único - vácuo, a inexistência de vida que se sabe, distorções temporais [conceitos estranhos às rochas que orbitam, elípticas, os astros grandes em volume e luz], distorções espaciais de causa: massa peso gravidade, [ai, essa gravidade, essa força umbilical da atração dos corpos] - essa tentativa de paupável esforço que se sente percorrendo nervos pêlos têmpora articulações pélvis até chegar à ferida exposta pelo aço inoxidável moldado para o rompimento celular, esta que criou permeabilidade acesso fragilidade vulnerabilidade, conscientemente indesejada, e a fazer fechar no silêncio colagenoso que escorre então pelos edemas e processos inflamatórios - a expulsão dos agentes agressores estranhos ao corpo, estes estranhos impulsos do corpo agressor expulso a pus e gozo retido, negação e rejeição. Seria isso? </span></div>
</div>
<div style="color: #454545;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms";">- talvez, - reticente, o gaveteiro das facas e outros utensílios, este que está aqui, que porém nos guarda para além de uma gaveta ou armário, bem à minha frente, que se brinca sério em pueril autoconvencimento.</span><span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> </span><br />
<span style="color: #999999; font-family: "trebuchet ms" , sans-serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
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Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-17798511975882681342016-03-21T02:12:00.000-03:002016-04-05T23:06:49.767-03:00<div>
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ruína, coisa tal donde surgem, </div>
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meados os assombrados resquícios pedra porosa dor mineral barro fim, </div>
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inesperadas simbioses </div>
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esporófitas sustos brotamentos </div>
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arquegônios raízes </div>
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verdes em vida.</div>
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Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-25454864334993572822012-03-08T23:21:00.002-03:002012-03-08T23:21:44.841-03:00<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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Das perdas de um nascimento tardio, a inconteste fluidez desafortunada: não escutar o grito anúncio dos ardinas e gazeteiros; o impossível em ver a beleza, maquiada em traquinagem, do realejo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Pena: ladear com os 22 (meu deus, já 22) anos a ânsia senil. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-18118378065425804972011-10-23T18:08:00.004-02:002011-10-23T18:09:11.115-02:00<div style="text-align: right;">
<i><br /></i><br />
<i><br /></i><br />
<i>Y a-t-il rien de plus triste que ce spectacle des jeunes espoirs et de l'enthousiasme juvénile, finissant par se changer en une sorte de sombre résignation, impuissante d'aller à l'encontre du marasme final, ou tout ce que l'artiste a acquis par son talent et son travail doit sombrer sans appel?</i><br />
<i><br /></i><br />
<i><br /></i><br />
<i><br /></i></div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-42534651542388573322011-10-12T19:12:00.003-03:002011-10-23T18:08:57.389-02:00<div style="text-align: justify;">
<br />
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Nenhum ato de desconhecida bravura. Somente a sempre-mesmice. E a óbvia percepção da busca pelo incômodo em cósmicas poeiras aquietadas. Buracos-negros e super-novas no solitário café em um chuvoso hoje. Feriados assim não deveriam existir. <br />
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<br />
<br /></div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-70360167198481072472011-09-22T17:02:00.001-03:002011-09-22T17:02:41.300-03:00<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
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<i><br /></i></div>
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<i>Importante era o quintal da minha meninice com seus verdes canudos de mamoeiro, quando cortava os mais tenros, que sopravam as bolas maiores, mais perfeitas. Uma de cada vez. Amor calculado, porque na afobação o sopro desencadeava o processo e um delírio de cachos escorriam pelo canudo e vinham rebentar na minha boca, a espuma descendo pelo queixo. Molhando o peito. Então jogava longe canudo e caneca. Para recomeçar no dia seguinte, sim, as bolhas de sabão. Mas e a estrutura? "A estrutura", insistia. E seu gesto delgado de envolvimento e fuga parecia tocar mas guardava distância, cuidado, cuidadinho, ô!, a paciência. A paixão.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Beto: "Se fosse desses, diria que isso é a vida dizendo os caminhos certos". Sou desses. E também sou (meninote, coitado) que: calma, dedicação, estudo, perseverança (porque por outro lado <i>linha reta caminhou, sem saber onde vai dar. No breu, sigo o sol. (...) Me alimento desse breu, já nem sinto quem sou eu: noturno, fugaz. Já não sei se sou capaz de parar. Bifurcação, entroncamento, contra-mão. São ruas sem fim, vias de fato aos pés de quem desrespeitou sinais e atravessou ileso. Decidiu flutuar, quis plantar de peso. Quando a noite cansar e a luz brotar a esmo, sigo meu caminhar: nunca amanheço o mesmo) </i>Mas é isso: centro. Foco. É isso, empurrando a vida e o acaso. Como um aprendiz Pekka-Salonen, que em sorte de substituto despontou, numa última hora causada pela saúde do mestre. É isso, empurrando a vida e o acaso. E uma simbólica Scheherazade, 27/09/11, deixo em registro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Labareda pra me consertar, </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>fogo pra me aquecer de perdão. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Não há justiça sem ceder, </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>não há justiça sem amor </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>e se a gente nunca se entregar.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>(...)</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Não há justiça se há sofrer, </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>não há justiça se há terror, </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>e se a gente sempre se curvar.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Fênix<i>.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-15795511235971712932011-07-06T18:34:00.002-03:002011-07-06T18:43:49.476-03:00<div style="text-align: justify;"><br />
<br />
Almoço na casa da vó, hoje, que estava em divertidíssimo em estado de bom humor. </div><div style="text-align: justify;">Gabi recém-matriculada, universitária, morangos com chocolate derretido, jeito simples de comemorar. Mariana explosiva em desenvoltura e extroversão. </div><div style="text-align: justify;">Mãe satisfeita, orgulhosa, leve (em mim o peso dessa última raridade). </div><div style="text-align: justify;">Todos rindo rindo rindo de se fartar em riso, e no meio da minha gargalhada exageradamente alta e conhecidamente escandalosa, um choro escondido (que o chorei de verdade, não é poesia, rs), porque era uma felicidade tão imensa que precisava de forma física, para além do som do riso, ou para além do sentimento em si, e transbordou. E só conseguia pensar numa coisa: </div><div style="text-align: justify;">era isso, era exatamente isso o que eu queria dizer, era isso e só isso.<br />
<br />
<br />
<br />
</div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-9535952013101885982011-05-11T04:58:00.007-03:002011-05-11T05:06:32.066-03:00<span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"> Tenho, ignorante que sou, uma sensação de agraciado, certo de que nessa jovem triplamente iluminada - pelo sol da tarde, pelas chamas das velas, pelo meu êxtase - e em quem a enfermidade, mais do que uma pena, foi um desígnio para resguardá-la até que emergisse, das entranhas do tempo, este minuto, residem as venturas da vida e que, ligando-me a ela, aposso-me de grandezas que não entenderei e que nem sequer adivinho. Arpoado em minhas profundezas pelo seu olhar, ofereço-me com a máxima candura, imaginando que este brio de súbito gerado em meu espírito pode comprar a paz e o júbilo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"> ridi, Pagliaccio!, e ognun applaudirà! Ridi sul tuo amore infranto, del duol che t'avvelena il cor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"> Vi nesse moço, quando me pediu a mão de Joana, o traço da morte. O aviso. O sinal. [...] "Desculpe que lhe diga: tenho visto poucos homens tão franzinos. Não digo no corpo. É por dentro. Feito para trabalhar de ourives. Ou de imaginário, ficar sentado em si, fazendo nossas-senhoras, meninos jesuses". [...] Devia ser enterrado num caixão azul, feito os meninos pequenos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;"> Os que fiam e tecem unem e ordenam materiais dispersos que, de outro modo, seriam vãos ou quase. Pertencem à mesma linhagem <span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;">FIANDEIRA CARNEIRO FUSO LÃ </span>dos geômetras, estabelecem leis e pontos de união para o desuno. Antes do fuso, da roca, do tear, das invenções destinadas a estender <span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;">LÃ LINHO CASULO ALGODÃO LÃ </span>os fios e cruzá-los, o algodão, a seda, era como se ainda estives- <span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold;">TECEDEIRA URDIDURA TEAR LÃ </span>sem imersos no limbo, nas trevas do informe.</span></div><div style="text-align: justify;">nas trevas do informe, ao horror se enfim cedido, o cume, leocádia visto como do fogo se vê (e em ainda vida), o riso da platéia, força.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6455971091917354251.post-6818975693070241772011-04-27T02:59:00.011-03:002011-04-27T16:56:59.061-03:00<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como se seqüestrasse a objetividade, ou a subjetividade. Como se seqüestrasse. Um grande afogar-se num grande nada ou num grande si. E o desafio. Desafio qual não se sabe; desafio. Talvez um: o desafio da perda, como apesar de óbvia não se a conta. Fácil se fosse perda como vida desde berço, e então se pergunta sobre a graça em coisa qualquer. Eilaiá, adoro eilaiá. Como se o comemorar da vida não fosse um grande apagar das vinte e uma velas em sopro. Sopratutto, rs. Eilaiá, adoro eilaiá. Olho a Callas, Medeia, e me lembro que morta só de desgosto, fortaleza desmoronando por e para. Talvez por e para dentro. Talvez só por e para. E o desencontro dos anos. Quantos? Semana Santa e os motetos e matracas; passou, ano que vem vejo Verônica cantar novamente: <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">Oh, vos omnes qui transitis per viam, attendite et videte: - </span>.Videte? Viste tu? Tu viste. E se paro de escrever agora é porque me escreveria<br />
bobeiras e quaisquer coisas <span class="Apple-style-span" style="font-style: italic;">ad infinitum, </span></div><div style="text-align: justify;">enquanto ouço Ophelia enlouquecer na voz de Mady Mesplé e me deixo seqüestrar.<br />
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</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Victorhttp://www.blogger.com/profile/06475937500770595740noreply@blogger.com0