sábado, 1 de dezembro de 2007

Elogio

Não, nada de Erasmo, amém, que isso nada tem com Moria, Stultitia nem nada, ou talvez tenha, mas é que não deixa de ser um elogio. A quê eu ainda estou tentando descobrir. À vida, talvez, à falta dela, quem sabe.
A falta de graça é que, num tal momento em que eu deveria estar rindo mais que o normal, me divertindo mais que o normal e brindando como sempre, na verdade segurava o choro até doer a garganta para não soluçar.
Minha sorte de hoje do deus-orkut diz que tenho a cabeça aberta. Como, e como, eu queria ser fechado nesse momento, tentar não entender as coisas, não ver quão triste é furacão de pedra em que me [nos] encontro [amos]. Na natureza ainda é bonito, mesmo que ainda se levante uma casa ou outra ou se arranque pelas raízes uma árvore. O meu soterra, empedra, fura, engole, vê.
Como sempre achei, mesmo não sendo idéia originalíssima, ver sempre é pior. Quando a gente precisa ser míope, nem pensar, certo? Então que é a frustração do dia de ontem. Acontece esporadicamente, mas a noite passada foi de tirar o fôlego.
Eu sentado na sacada e a vida acontecendo como nunca. É de se ver que as coisas mais simples do mundo podem valer uma tarde de choros e pesares.
Sabe que o que mais dói é saber que não se pode fazer nada a respeito. Ou se pode, mas e daí?
Sobre ela, que ontem reapareceu do nada na casa, digo que nunca tive visão de tão triste beleza. Como minha esfinge, tenho que te confessar: doeu lá no fundo de seja lá que coisa tenho em mim. Como entender um brilho que se faz tão opaco? É de tanto não suportar "inconstância de vida"? Que se há algo que se pode não-dizer a vida é isso: constante. E num desses momentos de interrompimento, num desses "hiatos", admito, é que me veio luz. A benfeitoria dessa coisa de cortes.
E outras, muitas outras coisas me vieram ontem à noite. Parecerá idiotice tentar escrever tudo aqui. Já é bobagem tentar descrever uma parte de ontem. Tantas linhas e não consigo transpassar nada do que foi.
Mas enfim, acabou sendo elogio à descoberta.

Que se encontre a cabeça de Midas, pois a minha: vai saber.
 

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