segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Porque não me canso de dizer sobre ele:
Sinfonia no.10, primeiro movimento. 
Lá pelos dezesseis minutos, claro que depende da gravação, uma re-exposição do tema; 
mais lento que o normal, mais lento que o adagio que titula todo o movimento. Lentíssimo, pianíssimo, somente cordas, solitárias, porque a solidão é um grito surdo de medo nesta sinfonia; 
e, quando menos se espera, surge, deste pianíssimo, uma afirmação em Lá menor longuíssima, que engloba tudo, e tudo some neste fortíssimo, no tenuto das cordas, no arpeggio feito pelos trompetes e trombones;
um ritardando e, de repente, desmancha-se tudo num scherzo, que de novo e rapidamente se torna lento, como que os pedaços dele próprio caindo fossem o scherzo em si, e, a lentidão, fosse as coisas se ajeitando ou parando de cair ou indo para um outro lugar qualquer; 
um acorde diminuto nos sopros, e, como um sopro arrebatador vindo de dentro, um pesadíssimo e inesperado quase-cluster de toda a orquestra; surge um trompete que a qualquer coisa cobre, segurando um Lá, acima de tudo e todos e todas as coisas; novamente um cluster, 
e tudo parece então se acalmar numa grande desistência orquestrada.

1 comentários:

beta(m)xreis disse...

porra, que bonito.

 

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