segunda-feira, 21 de março de 2011



Um dos problemas é não sabermos a distância da ponta do Leocádia às rochas meio sumidas n'água [e no movimento revolto do mar não se sabe se água ou rocha]. Porque o caminho [e ao dizer "caminho" me faço arriscado porque caminho é um decidido nada no centro e um algo de um lado e doutro] porque o caminho é vida e mal se repara, somente se vai vivendo, subindo que mal se sabem degraus. E, quando chegamos ao topo do promontório, [pois cegos de um véu-grinalda] não sabemos dizer a queda; outro problema não sabermos nem dizer queda ou salto ou força ou vento. E ainda um outro dos problemas é mal sabermos quem de fato está ali àquela beira; tão grande caminho para se chegar até lá quem o entrou mal o sabe um fim [reconhece-se somente dentro de um eu, se há eu, a mesma aquela crença que teve Safo], modo que devia-se recobrir-se e pisar [lá no chão daquele alto] em espelhos e olhar para baixo com finalidades tantas, pois mal se sabe a altura, mal se sabe salto força queda vento e mal se se sabe.
Sabe-se somente o mar, em espreita espera, com a serenidade de coisa que, sim, sabe-se eterna.



quarta-feira, 16 de março de 2011

terça-feira, 25 de março de 2008:

sábado, 12 de março de 2011



Ontem, num dia cinematograficamente chuvoso, tiveram que tirar minha bisavó de cima do caixão do meu tio-avô. Aquele tio, porque nunca foi tio-avô mas só tio, aquele tio que quando criança passava medo com a escada de cimento no fundo do quintal do casarão de Goiás, dizendo ser ali o canto de fumo da Muda, criada que morreu quando ele criança, mas que ainda freqüentava a casa por costume. Que chamava de Vitoca o primeiro sobrinho-neto, que sempre foi só sobrinho. Que dizia que a mãe tinha letra e pés de princesa, num rubor em seus oitenta e tantos anos. Ela, que com letra e pés de princesa, sua mãe, mãe de minha vó, vó de minha mãe e minha bisavó sempre vó porque foi sempre só vó, ela que com letra e pés de princesa ontem precisou ser tirada de cima do caixão para que finalmente o pudessem descer para descansar da diabetes, da hérnia, do coração que há muito falhava, da família, dos tudo que se guarda dentro, porque uma hora se há de descansar.
E eu poderia dizer tanto sobre porque dizer sobre diz sobre mim, mas não há muita vontade além da de descrever a cena. A cena deve dizer tudo, a cena da bisavó que sempre foi só vó enterrando o tio-avô que sempre foi só tio e contava histórias de entidades e não deixava dormir. Sou eu. Árvore, raiz, que imagem piegas. Porque talvez não interesse muito se de fato existem dimensões diferentes para cada escolha, esse é o tipo de questionamento que nos deixa numa waltz for all life, o importante é só a tormenta do Se não ser maior que a força da vida estourando microscopicamente nossos poros, se numa dimensão se noutra ou se tudo só é,



 

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