sábado, 28 de maio de 2016


, as histórias dos homens são as mesmas, só habitam novos corpos - forma física a se fazerem contadas - assim como a dor, que percorre as fibras junções os músculos em contração a exaurir os receptáculos d'alma, tamanha intumescência acusada da vinda desses diabretes de difícil exorcizamento, que vão dando dentro umas cambalhotas, piruetas circenses em equilíbrios a desafiar as físicas conhecidas, complicadas danças que a razão tenta organizar,  pas de deux de metódicas próprias que fazem sentido algum ao balé diastólico e sistólico que insiste em acontecer aqui dentro: urgências, e então se acabam com este aqui e correm a um próximo, volando tormenta, tornando em trama de sensível empatia tais (quase sempre rs) silenciosos eventos cataclismáticos que unem fio por fio, invisíveis, cada um que toca nesse grande mundo desafeto, mas tão habitado de surpresas e belezas que nos valem nesse plano (que vez em quando são usadas em malabaris na diversãozinha dessas coisinhas de risadinhas e asinhas dando volta na cabeça, fazendo turvar vista, mas sim: tão por aí as belezas sim) (tão, né?) (prfvr)


segunda-feira, 16 de maio de 2016


hoje, no décimo sexto de maio, veio céu se enchendo dum pretume já há algum tempo sem vista, porque a seca tava correndo antecipada, e cai aqui na asa mais do sul (desconferência geográfica: Brasília tem norte que não o é, nem sul é sul, e a guia se faz somente rumada, modo que a cabeça vem com uns desbaratinos de causas: desorientações pelas rosas dos ventos), cai aqui nesta Asa que aponta pras minhas origens e ventre um chuvisqueiro plumado, pra causar intermitência inda que pouca nas previsões dos meses porvirem em ar que seca garganta e torna o acordar um fazer incômodo, intermitência sem nutrição porém suficiente pra memorar a terra de seus perfumes quando-mais-a-água e roubar do passo-a-passo a poeira dos pés, que já vão cansando do percorrer dos caminhos desconhecidos ou conhecidos mesmo. Fadiga.  


sábado, 7 de maio de 2016


guardo Bruckner (mais especificamente seus primeiros movimentos da sétima ou nona sinfonia, a depender do dia - qual seu fim?, busca de luz mi maior, crepuscular desistência em aceite ré menor?) para raros momentos, quando há o tempo a correr silente os caminhos da casa, passando pelas coisas e bichos, quando os vincos entre os tacos de madeira antiga destes apartamentos se abrem em grandes cânions, madeira em carne, altíssimas paredes pulsantes, eu no meio bem me sabendo rodeado das próprias insuportabilidades, o cozimento lento das linhas melódicas infindas tratadas das diversas formas possíveis expandidas acrescentadas rasgadas adocicadas aquietadas brutas beleza perversão moldante plácidas deuses resquícios amabilidades quietamente furiosas ilimitando as fronteiras, as minhas a música, minuciosa vistoria e revisão, as perspectivas várias, o clímax que se desfaz enquanto ainda não se sabe ápice, os vinte e cinco minutos para que se conclua um princípio que não se esqueceu, porém tão diferente pois metamórfico, as codas cobrindo enormemente o chão. Guardo Bruckner pra quando preciso ouvir outrem percorrendo aqueles que meus caminhos diários - o lento e grave movimento do mais belo dos planetas orbitando retrógrado em mapa os pesos imensuráveis, astrologias cármicas, senhor dos tempos regendo organizações celulares involuntárias inconscientes cíclicas, materialização de princípios, eterno retorno erro, os anéis vistos de longe (porém não mais que poeira e resquícios) apontando firmemente os lugares-lacunas do preenchimento radiando a descoberta: preenchimento em si, tolham-se projeções - guardo Bruckner pra quando preciso ouvir outrem percorrendo aqueles que meus caminhos, a fim de tornar acompanhada esta lida diária tão só. 


sexta-feira, 6 de maio de 2016


as noites se estendem grandes distâncias, povoadas das criaturas de mitologias individualissimas - resquícios fantasmáticos - poder-se-ia os chamar sonhos inquisidores; pesadelos quiçá, desavisados que somos das qualidades estéticas errantes desses misteriosos fundos do dentro da cabeça - caminhantes de finas estradelas sinuosas de desconhecidos redores. Fosse o olhar menos assombrado pela luz-clareza da certeza do dia, cercassem os olhos menos as vendetas pelo arremate em queda, fôssemos mais crianças onde vicejam inda purezas naquilo que é belo, monstros tais transfigurar-se-iam musas tal o desconcerto de seus contornos difusos - como se se expandindo, pulverizando perfume dulcíssimo, molécula d'existência desgarrando se lançando ao nada que entorna, preenchimento esquivo - noturnas vidas temporárias, antes à luz dos dias inexistentes, vagantes em leve pisar: ouve-se somente o ranger das gaiolinhas que levam nas mãos (os vultos em pernas, qual sombra que faz sol quando toca a linha do horizonte, longuíssimas andando estreitas, as alças das gaiolinhas levadas nos dedos finos compridos de texturas frias e movimentos de delicada estranheza),  gaiolinhas onde murmuram dentro as pequenezas belas desses grandes apegos da vida, criaturinhas sutis porém de constituição firme, cantando as ladainhas em prece obsessiva que estruturam os desejos as pulsões as plenitudes desconhecidas.


 

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