quinta-feira, 14 de abril de 2016


quando as histórias tiverem se tornado as dobras do cansaço do rosto, quando as noites da juventude forem passado que já não se diz, quando as paixões forem memórias guardadas que não se contam aos filhos e netos, e as manhãs improvisadas em água corrente (ali no fim da asa norte) forem lembranças acessadas com raridade, o ralear dos cabelos clinicando a desistência corporal, quando a manhã for preguiçosa acordada em café e horas escorridas pois o compromisso próximo é o almoço e a caminhada que o segue às sombras das sibipirunas - por vezes tapetes amarelos em tramas de natureza fiandeira -, quando o olhar já mais cansado observar os arredores e seus viventes fazendo predições porque os olhos já viram muito e conhecem os homens e seus tipos e sabem dizer o que ainda está por vir, quando os afazeres forem aventuras voluntariadas, quando a noção do tempo observar em equidade o novo bulbo que se arranja na mesa - e não se esperar a passagem dos dias mas a folha que nasce e cresce, os meses em broto -, quando a calma já estiver aceitada porque há pouco em nossas mãos, quando estes transtornos juvenis em preocupação se façam lembrados em ver a ansiedade das gerações ainda por vir, quando assentar que as histórias dos homens se repetem e só habitam novos corpos - formas físicas a se fazerem contadas-, quando os caminhos abertos com as pás e rastelos se chamarem Alameda dos Flamboyants, e os eixos (norte, sul?) forem estranhos feitos no concreto há muito sem visita, quando o amor estiver em constante companhia passando as folhas e brotos, e a saudade for palavra desconhecida, quando as línguas faladas forem somente uma e o silêncio não for incômodo - comunicação em sinais de eletricidade já há tanto se habituados, a leitura dos olhos, do corpo, dos gestos, do amor -, 
ladear aos meus 26 anos (meu deus, ainda 26), a ânsia senil.


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